Neurologista CRM 770

Miastenia

A miastenia grave é uma doença pouco frequente, com incidência em torno de 2 portadores em 100.000 pessoas, mas parece estar aumentando entre idosos.

A doença se manifesta em 2 épocas de idade diferentes. Em pessoas mais jovens, entre 20 e 30 anos, sendo mais frequente em mulheres. Ou ocorre após os 50 anos, sem preferência por sexo.

Como o nome sugere (mi= musculo e astenia=fraqueza), a principal característica da doença é a fraqueza muscular. É mais comum começar pelos músculos dos olhos, uma ou as 2 pálpebras caem, aparece imagem dupla porque os olhos não se movimentam perfeitamente. Não há dor e se tampar um olho, a imagem volta ao normal.

Outras manifestações são: a voz fica mais lenta e anasalada, fanhosa, cansa-se para mastigar e tem dificuldade para engolir.

Se nos músculos do corpo, há perda de força nos membros, tanto superiores como inferiores com dificuldade para levantar, para carregar alguma coisa ou até mais do que isso.

Em graus mais severos pode surgir falta de ar por fraqueza dos músculos da respiração.

O início pode ser por qualquer destes sintomas descritos e depois progride para os outros. Assim começa nas pálpebras e olhos, depois atrapalha a fala e posteriormente enfraquece os membros. Mas pode raramente ficar restrito apenas a um território.

Uma característica importante é que estes sintomas e sinais variam durante o dia, a pessoa amanhece bem e vai enfraquecendo com o passar das horas, estando pior à tarde. Também pode haver remissão espontânea, o paciente recupera-se completamente, fica bem durante um tempo mas depois os sintomas reaparecem.

A doença é de natureza autoimune, ou seja, o nosso sistema de defesa (sistema imune) por motivo desconhecido, passa a agredir o próprio organismo. No caso da miastenia, o alvo atacado é a junção dos terminais dos nervos nos músculos (junção ou placa neuromuscular). Quando queremos contrair um músculo para fazer força ( apertar a mão, por exemplo), o comando vai pelo nervo até a placa neuromuscular; libera-se aí uma substância chamada acetilcolina que estimula o músculo e o faz contrair e exercer a força.

Na miastenia, o sistema imune alterado gera um produto (anticorpo) que bloqueia a acetilcolina, a transmissão do nervo ao músculo fica enfraquecida e o músculo perde força.

A doença é suspeitada pela história típica de fraqueza muscular oscilante seja nos olhos, ou na fala ou nos membros.  A eletromiografia é um exame importante, onde o examinador verifica que a resposta de contração do músculo vai diminuindo a medida que se promove estímulos repetidos.

Outro exame para o diagnóstico é a presença de anticorpos contra a acetilcolina que pode ser detectado por exame de sangue.

O timo é um órgão alojado no mediastino, região interna na parte mediana da frente do tórax.  O timo é muito atuante no feto e em crianças pequenas e depois vai perdendo função, diminui o tamanho e fica um pequeno resíduo. Na miastenia, o timo volta a funcionar e chega a crescer. Isto pode ser visualizado numa tomografia de tórax e também serve para auxiliar no diagnóstico da miastenia. No grupo de mais idade, o timo pode transformar-se em um tumor (timoma).

Os pacientes têm que estar cientes de que alguns medicamentos podem agravar a miastenia porque interferem na placa neuromuscular, reduzindo anda mais a sua ação e agravando a fraqueza muscular. Os neurologistas costumam dispor de uma lista com os remédios contraindicados, o que também se dispõe em sites específicos de miastenia como o da Associação Brasileira de Miastenia (www.abrami.org.br)

O diagnóstico precoce é importante, tanto para iniciar o tratamento como para evitar complicações.  A cura é possível, mas nem todos a alcançam, entretanto pode-se conviver perfeitamente bem com a doença.

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