Tonturas
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Tontura é um termo muito utilizado pelas pessoas, motivo de grande número de consultas, especialmente com o neurologista.
É muito importante entender o que a pessoa sente quando diz que tem tontura. É que isso pode significar muitas coisas diferentes. Portanto o neurologista vai pedir que a pessoa explique melhor, usando outra palavra ou descrevendo de outro modo. Isto porque há diferentes tipos de tonturas. Por exemplo, pode ser uma sensação que o mundo está rodando, ou um escurecimento visual, uma perda de equilíbrio ou outras coisas.
As tonturas resumidamente costumam ser de 5 tipos:
VERTIGEM: sensação giratória ou rotatória, deslocamento do corpo ou do ambiente, ilusão de movimento. É como se o mundo rodasse. Este tipo de tontura costuma indicar problema do labirinto e, menos frequentemente, distúrbio neurológico. A vertigem periférica, ou seja, do labirinto, costuma ser aguda e severa, com grande mal-estar e vômitos; a pessoa procura ficar imóvel porque os movimentos desencadeiam as vertigens. Uma forma comum de labirintite é a chamada vertigem postural paroxística benigna (VPPB) que tem a característica de só acontecer com o paciente deitado ao virar para um dos lados. A vertigem central ou neurológica geralmente é mais leve, mais prolongada e associada a outros sintomas ou sinais neurológicos. Se houver cefaleia (dor de cabeça associada) não deve ser do labirinto.
DESEQUILÍBRIO: instabilidade do corpo, sensação de embriaguez, impulsos para frente, para trás ou para os lados, tendência a cair. Pode ser devido a labirintopatia, mas pode ser distúrbio neurológico ou por medicamentos
LIPOTÍMIA/SÍNCOPE: episódios de escurecimento visual com fraqueza nas pernas e sensação de que vai cair ou desmaiar: é a lipotímia ou pré-síncope. Se a pessoa chega a perder os sentidos chama-se desmaio ou síncope. Esta manifestação é comum em mulheres jovens e durante a gravidez. Pode ser desencadeada por emoções fortes, dor intensa ou ao ver sangue por exemplo. Precisa de avaliação neurológica e cardiológica porque problemas cardio-circulatórios podem ser a causa.
CABEÇA LEVE ou oca ou grande: essa sensação é difícil de descrever e também de se entender; quase sempre acontece em pessoas mais nervosas, relacionada ao estresse e a ansiedade. É a tontura ou vertigem fóbica, a pessoa diz que parece flutuar e há outras queixas que não ocorrem em distúrbios do labirinto.
“BRANCOS”: são crises curtas em que a pessoa sente que lhe fogem os sentidos, que fica distraída e não vê o que se passa; pode ser realmente uma simples distração ou falta de atenção, mas precisa ser melhor investigada, porque existem tipos de crise epiléptica muito parecidos. São ausências, breve interrupção da consciência, a pessoa fica parada, não responde. Em outro tipo de crise epiléptica perde-se a consciência e podem ocorrer automatismos como movimentos de mastigação, de deglutição, gestos variados com passar a mão no corpo; o paciente pode levantar, mexer em objetos próximos ou sair andando; desperta depois de alguns minutos sem noção do que ocorreu. Um paciente que dizia ter “tonturas” mas na realidade tinha estas crises epilépticas e, se aconteciam quando estava jogando futebol, os colegas paravam o jogo, retiravam do campo até melhorar e voltava a jogar (só não o deixavam jogar de goleiro).
De um modo geral as tonturas são de natureza benigna, não se encontrando, na maioria das vezes, doença neurológica grave.
As pessoas idosas costumam queixar muito de tonturas. Depois de consulta com neurologista e realização de alguns exames, conclui-se que o paciente idoso pode ter tontura devido a um funcionamento defeituoso do labirinto ou do equilíbrio, talvez pela própria idade. Acontece o mesmo com outros órgãos dos sentidos com a vista, a audição, que também podem diminuir a função com a idade. Outra causa de tontura nesta faixa etária são fenômenos posturais, ou seja, breve instabilidade ao levantar ou ficar de pé mais tempo: pode ser por causa de quedas de pressão arterial.
Muito cuidado deve-se ter para não tomar remédios indevidamente ou por tempo prolongado. Cada tipo de tontura merece investigação e tratamento apropriados e nem sempre há indicação de medicamentos.