Memória: Síndrome de Melo-Souza
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Em 1984, no Congresso Brasileiro de Neurologia, em Goiânia, apresentei o trabalho “Flunarizina, parkinsonismo e depressão”. Tratava-se de uma observação pessoal, com relato de cinco mulheres idosas que desenvolveram quadro parkinsoniano e depressão durante o uso de flunarizina para tratamento de um tipo de labirintite. As pacientes melhoraram espontaneamente com a suspensão da droga. Em 1989 inscrevemos o mesmo trabalho no American Academy of Neurology Meeting, com grupo maior (28, sendo 25 mulheres, com idade média de 66 anos) incluindo também pacientes com quadro semelhante em uso de cinarizina, da qual derivou a flunarizina.
Estes trabalhos repercutiram imediatamente, surgindo relatos semelhantes no Brasil e no exterior, inclusive tema para algumas teses de doutorado. O neurologista uruguaio Carlos Chouza que assistiu a minha apresentação em Goiânia, pesquisou o mesmo fato no seu País e publicou os resultados em revista internacional em 1986.
Com estas observações houve uma racionalização no uso da flunarizina passando a ser utilizada por curto prazo, quando estes efeitos ainda não haviam aparecido ou suspensa aos primeiros sinais.
Em 2000 recebi da Academia Brasileira de Neurologia uma homenagem e placa pela “ Descrição Original de Parkinsonismo Secundário ao Uso de Bloqueadores de Canal de Cálcio”
Em 2008, Péricles Maranhão Filho incluiu este assunto e colocou o meu nome em destaque no seu livro “Autores brasileiros“ e denominou a descrição como “ SÍNDROME DE MELO-SOUZA”.
Em 2009 Helio A.G. Teive, Renato P. Munhoz e Henrique B. Ferraz publicaram na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria um breve artigo “Flunarizine and cinnarizine-induced parkinsonism: 25 years of De Melo-Souza´s syndrome”.
Durante o Congresso Brasileiro de Neurologia de 2012, houve uma sessão especial para discutir a Síndrome De Melo-Souza, participando os professores Hélio A.G. Teive e Luiz Augusto F. Andrade.