Traumatismo Cranioencefálico
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O traumatismo cranioencefálico ( TCE ) é uma das mais importantes partes da Neurologia e da Neurocirurgia, devido a alta incidência e potencialidade de gravidade. No Brasil a incidência estimada varia de 26.2 a 45.6 por 100mil habitantes, atingindo principalmente a população jovem entre 15 e 24 anos. Os acidentes de trânsito são a principal causa, seguido de violência interpessoal.
O TCE pode provocar fraturas no crânio seja na parte superior (abóboda) ou na base , que é a estrutura óssea que separa a cavidade intracraniana da face. As fraturas podem ser simples ou complexas, dependem da gravidade e do tipo de trauma. O osso fraturado pode afundar para dentro do crânio e até ferir o encéfalo e, neste caso, precisa de correção cirúrgica.
O traumatismo do crânio pode ser leve, moderado ou grave. Quando leve há apenas dor no local, uma ferida superficial , edema ( inchaço) e hematoma (coágulo) de couro cabeludo, sem perda de consciência. Um grau um pouco mais forte provoca perda de consciência por poucos minutos, com ou sem alteração de memória, também de curta duração: a isto denomina –se comoção ou concussão cerebral . Acontece frequentemente em esportes de impacto, até mesmo no futebol . Há uma campanha mundial alertando para o perigo de concussões repetidas nos esportes, especialmente nas lutas e no futebol americano.
TCE um pouco mais grave provoca contusão encefálica quando há lesão em alguma parte do encéfalo, com edema e sangramento local. Dependendo da extensão e localização pode promover sinais e sintomas de menor ou maior gravidade.
Se a lesão encefálica for muito severa há laceração do tecido cerebral com sangramento e edema, levando a aumento da pressão dentro do crânio.
Do ponto de vista clínico, o TCE pode ser classificado em graus de acordo com a presença de alguns sintomas e sinais. Dor de cabeça no local do trauma ou difusa é bastante comum. A perda de consciência é mais valorizada; se for breve é a concussão , pode ser mais duradoura e até prolongada . Sonolência excessiva exige avaliação do médico. Baseada nas manifestações neurológicas utiliza-se a Escala de Glasgow que serve para estratificar o risco neurológico.
Tonturas também podem ocorrer e a que mais incomoda é a vertigem que é a sensação que o mundo está rodando, com náuseas e às vezes vômitos; pode ser uma comoção do labirinto pela onda de choque do TCE e precisam ser avaliadas metodicamente.
O TCE pode provocar também formação de hematomas entre o osso do crânio e o cérebro . Um deles ocorre entre o osso e a meninge ( capa que recobre o encéfalo ) que é o hematoma extradural, por ruptura de artéria e portando de rápida expansão ( em algumas horas ) e requer tratamento cirúrgico de urgência.
Se o sangramento ocorrer entre a meninge e o encéfalo, é o hematoma subdural, por sangramento venoso, podendo ser agudo ou crônico ( desenvolve em semanas a meses).
O TCE pode também ser causado por objetos penetrantes( arma branca ou projétil de arma de fogo, por exemplo).
Um outro tipo de lesão que o TCE pode provocar é o deslocamento das camadas cerebrais umas sobre as outras, provocando lesões microscópicas ou milimétricas, lesando fibras nervosas ou pequenos vasos. É a chamada lesão axonal difusa.
Este resumo é baseado no Capítulo 5 : Traumatismos Cranioencefálico e Raquimedular do livro Tratamento das Doenças Neurológicas do Dr Sebastião Eurico de Melo-Souza , Ed Guanabara Koogan 2013.