Neurologista CRM 770

Neuromielite óptica (NMO)

Neuromielite óptica (NMO) é uma doença crônica do sistema nervoso central (SNC).

Também conhecida por doença de Devic que foi o primeiro a descrever os achados neuropatológicos em 1894 (junto com o estudante Gault).

A NMO compromete mais comumente os nervos ópticos (neurite óptica) e a medula espinhal (mielite). Tanto pode iniciar pelos nervos ópticos como pela medula ou ambos ao mesmo tempo.

A neurite óptica se manifesta por dor ocular, que agrava aos movimentos dos olhos e perda visual uni ou bilateral, de instalação aguda em poucos dias e de maneira severa.

A mielite provoca perda de força nos membros inferiores ou nos quatro membros, com dores, parestesias (formigamento, dormência) ou perda sensitiva e perda do controle urinário (incontinência ou retenção).

A neurite óptica pode preceder a mielite em tempo variável, até anos. A NMO é mais frequente em mulheres, costuma surgir acima dos 40 anos. A evolução em 80% se faz em surtos, ou seja, melhora por um tempo, mas tem recaídas.

A NMO é uma doença inflamatória autoimune e por muito tempo foi considerada uma variante da esclerose múltipla, com a qual tem muita semelhança clínica. Em 2004 descobriu-se a presença de um anticorpo contra uma proteína de SNC ligada a canais de água, chamada aquaporina 4. A partir disto comprovou-se ser diferente da esclerose múltipla que não possui este anticorpo. Também verificou-se que a alteração da função da aquaporina 4 está relacionada com variadas manifestações clínicas e passou-se a considerar um espectro maior de doenças ligadas a NMO (NMO spectrum disorder = NMOSD).

O diagnóstico da NMO é definido pelo quadro clínico, cuja associação de neurite óptica + mielite é muito sugestiva, mais exames complementares que são importantes também para excluir doenças semelhantes como a esclerose múltipla.

Quando o início é pela perda visual, o oftalmologista é o primeiro a ser consultado e realiza o diagnóstico diferencial entre as variadas causas possíveis, através de seus exames e métodos de investigação. Se mantiver a suspeita de neurite óptica, o paciente é encaminhado ao neurologista para a definição e tratamento.

Se os sintomas neurológicos é que fazem a abertura do quadro clínico, então a referência é o neurologista, que especifica bem os dados da história, executa exame neurológico completo e solicita exames complementares pertinentes.

A ressonância magnética dos nervos ópticos, do cérebro e da medula, demonstra lesões em um ou mais destes segmentos e já levanta a suspeita da NMOSD. Exames de sangue são indicados para confirmar ou excluir doenças que podem simular NMO, como outras doenças autoimunes e que podem ser concomitantes. A dosagem do anticorpo anti-aquaporina 4 é fundamental, embora possa ser negativo em 20% dos casos. Um novo anticorpo anti-MOG deve ser pesquisado nestes casos negativos. O exame do líquido cefalorraquiano (líquido da espinha) também é importante para auxiliar no diagnóstico.

O tratamento da NMOSD é semelhante a outras doenças autoimunes, mas não responde à maioria dos medicamentos para esclerose múltipla. A fase aguda e os relapsos (surtos) são tratados com pulsoterapia de corticóides ou imunoglobulinas ou plasmaférese. O tratamento de base continuado é feito com imunossupressores, havendo alguns bem eficientes.

A NMOSD é uma doença grave, precisa de diagnóstico precoce, tratamento imediato e rigoroso, bem conduzido e sob revisão periódica para identificar casos que possam ser resistentes a um medicamento, que deverá ser substituído sempre que necessário.

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