Estado confusional agudo (delírio)
O delírio (ou delirium) é um estado de confusão mental de instalação aguda. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum nos idosos.
A tríade sintomática que caracteriza o quadro compõe-se de distúrbio da atenção, alterações da cognição e da percepção. Pode iniciar com falhas de memória, sonhos vívidos, incoerência nas ações, desorientação no tempo e espaço.
Há 2 tipos de delírio, um hiperativo ou outro hipoativo, podendo haver também um terceiro tipo misto que associa sintomas dos 2 principais.
DELÍRIO HIPERATIVO é quando o paciente torna-se inquieto, agitado, hiperalerta, insone, geralmente com alucinações (vê ou ouve o que não existe) e delusões (imagina fatos que não estão ocorrendo) e pode tornar-se agressivo com palavras ou fisicamente.
DELÍRIO HIPOATIVO quando há sonolência, apatia, perda de interesse nas atividades da vida diária, respostas lentas, parado quase o tempo todo, pode nem se alimentar.
Existem escalas para avaliar o delírio que são utilizadas nos hospitais e unidades de terapia intensiva e podem também serem úteis para cuidadores.
O delírio costuma ter uma causa precipitante que pode ser qualquer doença aguda como infecções, medicamentos, cirurgias, alterações metabólicas (como desidratação), eventos cardiovasculares ou pulmonares agudos, traumatismos recentes. Pode-se ter mais de um fator precipitante ou não se encontrar nada evidente.
As pessoas idosas são mais propensas a desenvolver delírio, principalmente as que tem declínio cognitivo e dificuldade de mobilidade.
Na avaliação da pessoa com delírio deve-se ter atenção em fatores recentes que podem ter sido modificados como mudanças nos medicamentos em uso, acréscimo de novos medicamentos, presença de febre, diarreia, tosse, inapetência, diminuição na ingesta de água, obstipação intestinal, distúrbio do sono, presença de dor, baixa saturação de oxigênio, trauma recente. Nos idosos com déficit cognitivo até uma mudança de ambiente ou de pessoas que lhe cuidam, pode desencadear o delírio.
Cabe ao médico investigar se o paciente é portador de alguma doença e se toma medicamentos. Depois busca saber dos sintomas atuais e faz exames físico e neurológico detalhados e abrangentes. Solicita os exames complementares pertinentes para cada caso.
A conduta baseia-se em tratamento do(s) fator(es) desencadeante(s) do delírio (por exemplo: tratar a infecção ou a desidratação). Medidas gerais são importantes para corrigir quaisquer outros fatores que possam estar prejudicando.
Medicamentos para acalmar e controlar o delírio hiperativo são o recurso final se todas as outras medidas forem insuficientes e a situação for prejudicial ao paciente, porque o efeito não costuma ser ideal e podem ter reações adversas.