Neurologista CRM 770

Insônia em pacientes com demência

Insônia é bastante comum na pessoa idosa e isso aumenta nos portadores de

algum tipo de demência. Talvez mais de 30% dos pacientes com doença de Alzheimer

tem este tipo de transtorno.

O médico por vezes é solicitado para prescrever algum medicamento porque os cuidadores e

familiares não mais suportam ver o sofrimento do paciente e também em ficar acordados para

cuidar dele, que muitas vezes levanta e sai andando a esmo, perambulando, durante a noite.

Acontece que não é fácil obter resultado satisfatório com medicamentos. Isto porque o

cérebro modificado pela doença pode não responder adequadamente aos medicamentos para

o sono. Segundo porque os medicamentos promovem efeitos colaterais importantes como

sonolência e sedação durante o dia, facilidade para quedas, aumento de confusão mental e

hipotensão postural.

Ao médico cabe investigar se existe algum fator que esteja prejudicando a indução e

manutenção do sono, como distúrbios metabólicos e respiratórios, infecção, efeitos de

medicamentos, entre outras possibilidades.

Uma condição que desperta o paciente durante a noite, é a vontade de urinar ou a perda

involuntária de urinas (incontinência), que tem que ser minimizadas com conduta apropriada.

Se não houver fator precipitante evidente, a insônia pode ser provocada pela própria doença,

que interfere nos mecanismos do ciclo vigília-sono, que é regulado por centros específicos no

cérebro.

Neste caso cabem algumas instruções que podem trazer benefícios e devem ser testadas antes

da introdução de medicamentos. Pode ser também uma situação passageira que resolve-se

espontaneamente em pouco tempo.

Primeiro, é conhecer detalhadamente como é a rotina diária do paciente, do ambiente onde

dorme, das refeições, do uso de  café, dos remédios em uso.

HIGIENE DO SONO: o paciente só pode dormir no máximo meia hora durante o dia, mas

sempre antes das 13 horas. A ideia de deixar dormir de dia para compensar porque não

dormiu a noite, é contraproducente porque não se recupera o hábito de dormir a noite.

Usar medidas para estimular o paciente durante o dia para não deixá-lo dormir: são várias

possibilidades como musicoterapia, atividades sociais, reuniões de grupos e outras.

Horas certas para ir para cama e para levantar, devem ser definidas, por exemplo: 21h pra ir

para cama e 7h para levantar.

O quarto tem que estar escuro, silencioso, com temperatura amena.

Não ingerir líquidos à noite, assim como não tomar café, bebidas alcoólicas ou refrigerantes.

EXERCÍCIOS:  atividade física é importante, não só para o sono como para outros aspectos da

saúde  do idoso. Caminhadas de, no mínimo, 30 minutos e frequentar academias, realizando

atividades de acordo com a capacidade de cada um.

TERAPIA DA LUZ:  exposição a luz forte por 1 hora, duas vezes ao dia, costuma ter um

marcante efeito no sono e no comportamento das pessoas com demência. Melhora muito a

confusão do fim de tarde (síndrome do crepúsculo).  O paciente não pode cochilar

durante  a terapia.

Estas estratégias devem ser tentadas porque há evidências de serem úteis numa boa parte

dos idosos com insônia.

 

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