Insônia em pacientes com demência
Insônia é bastante comum na pessoa idosa e isso aumenta nos portadores de
algum tipo de demência. Talvez mais de 30% dos pacientes com doença de Alzheimer
tem este tipo de transtorno.
O médico por vezes é solicitado para prescrever algum medicamento porque os cuidadores e
familiares não mais suportam ver o sofrimento do paciente e também em ficar acordados para
cuidar dele, que muitas vezes levanta e sai andando a esmo, perambulando, durante a noite.
Acontece que não é fácil obter resultado satisfatório com medicamentos. Isto porque o
cérebro modificado pela doença pode não responder adequadamente aos medicamentos para
o sono. Segundo porque os medicamentos promovem efeitos colaterais importantes como
sonolência e sedação durante o dia, facilidade para quedas, aumento de confusão mental e
hipotensão postural.
Ao médico cabe investigar se existe algum fator que esteja prejudicando a indução e
manutenção do sono, como distúrbios metabólicos e respiratórios, infecção, efeitos de
medicamentos, entre outras possibilidades.
Uma condição que desperta o paciente durante a noite, é a vontade de urinar ou a perda
involuntária de urinas (incontinência), que tem que ser minimizadas com conduta apropriada.
Se não houver fator precipitante evidente, a insônia pode ser provocada pela própria doença,
que interfere nos mecanismos do ciclo vigília-sono, que é regulado por centros específicos no
cérebro.
Neste caso cabem algumas instruções que podem trazer benefícios e devem ser testadas antes
da introdução de medicamentos. Pode ser também uma situação passageira que resolve-se
espontaneamente em pouco tempo.
Primeiro, é conhecer detalhadamente como é a rotina diária do paciente, do ambiente onde
dorme, das refeições, do uso de café, dos remédios em uso.
HIGIENE DO SONO: o paciente só pode dormir no máximo meia hora durante o dia, mas
sempre antes das 13 horas. A ideia de deixar dormir de dia para compensar porque não
dormiu a noite, é contraproducente porque não se recupera o hábito de dormir a noite.
Usar medidas para estimular o paciente durante o dia para não deixá-lo dormir: são várias
possibilidades como musicoterapia, atividades sociais, reuniões de grupos e outras.
Horas certas para ir para cama e para levantar, devem ser definidas, por exemplo: 21h pra ir
para cama e 7h para levantar.
O quarto tem que estar escuro, silencioso, com temperatura amena.
Não ingerir líquidos à noite, assim como não tomar café, bebidas alcoólicas ou refrigerantes.
EXERCÍCIOS: atividade física é importante, não só para o sono como para outros aspectos da
saúde do idoso. Caminhadas de, no mínimo, 30 minutos e frequentar academias, realizando
atividades de acordo com a capacidade de cada um.
TERAPIA DA LUZ: exposição a luz forte por 1 hora, duas vezes ao dia, costuma ter um
marcante efeito no sono e no comportamento das pessoas com demência. Melhora muito a
confusão do fim de tarde (síndrome do crepúsculo). O paciente não pode cochilar
durante a terapia.
Estas estratégias devem ser tentadas porque há evidências de serem úteis numa boa parte
dos idosos com insônia.